"A cabeça pensa onde os pés pisam" Paulo Freire

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Mais rachadura no sertão - Asa Branca

Em um momento de descontração e inspiração, resolvemos escrever uma paródia da música Asa Branca com o caso da transposição do Rio São Francisco.

Durante o intervalo de um forum sobre direitos humanos na Universidad el Valle em Cali/Colômbia, escutávamos dois estudantes tocarem flautas artesanais. Ao escutar-los me lembrei do Marcelo Pupo arranhando um pífano na Unicamp e nos longos caminhos de incubação de Barão Geraldo até Mogi Mirim e Sumaré e logo me puz a cantar umas das músicas que ele tocava "muito bem": Asa Branca.

Daniel, um poeta de plantão, imendou uma paródia relacionando a canção ao caso da transposição do Rio São Francisco. Eu, um oportunista, dei sequência a boa idéia. Juntos, fizemos a letra baseada no relato fictício de um trabalhador ribeirinho expulso das suas terras.


Mais rachadura no sertão

Encontraram a terra ardendo
Propuseram a transposição
Pra irrigar mais latifúndio
Pra enriquecer mais o patrão

Pra brasileiro, que nada
É la pros gringos, pra exportação
O brasileiro, ficou com nada
A cor da prata, eu não vi não

Até mesmo as asas brancas
Foram embora do sertão
Só restou o boia-fria
Causou mais fome e destruição

Hoje estreiro e sem cor
Numa profunda sequidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim voltar pro meu sertão

Cabou o verde que restava
Sumiu toda a plantação
O velho chico morreu de sede
E por farta d'água, acabou a canção.

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