"A cabeça pensa onde os pés pisam" Paulo Freire

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Nossa Semana Santa, mas nem tanto

No dia 20 de março fomos conhecer mais um "barrio". Chegamos no final da primeira reunião entre os estudantes e a comunidade, mas depois, junto com Mariana e Jessica, estudantes de trabalho social da UCV, fomos conhecer a favela "La Vega". Nada de muito surpreendente. Parece que toda favela é mais ou menos parecida. Isso porque são consequencias de um mesmo problema em todas as grandes cidades em países pobres. Fomos até a casa de um amigo da Mariana e lá tomamos algumas cervejas e conversamos até umas 21h, já que precisavamos voltar antes das 22h para conseguir entrar na UBV e não dormir na rua.

Dois dias depois fizemos uma reunião com alguns estudantes da UBV, de um coletivo chamado Juventude Rebelde, em que discutimos a proposta de fazer um projeto em que a reitoria nos ajudaria, com transporte, alojamento e alimentacao, a conhecer as outras sedes da UBV, em diferentes estados da Venezuela, onde realizaríamos discussões sobre o Brasil e os seus movimentos sociais. Escrevemos o projeto e aguardaremos a resposta da reitoria.

No dia 24/03 fomos convidados por um professor a ir acampar em uma praia no estado Sucre com alguns estudantes durante a semana santa. A proposta do acampamento é de experiência de convivencia e atividades coletivas. Nos pareceu um pouco "brócolis", já que na programação tinha taishi as 7 da manhã... Mas aceitamos. Não iríamos fazer nada durante a semana santa mesmo(aqui foi declarada a semana inteira de feriado para que se reduzisse o consumo de energia, já que se vive um periodo de seca e de possivel falta de energia). Nosso papel era organziar algumas atividades sobre o Brasil, como falar de nossa história e fazer oficinas de capoeira.

No dia seguinte nos dedicamos então a organziar essas oficinas e a noite fomos à UCV assistir ao filme "Olga", que fazia parte da programação das atividades do mês da mulher. Sorte nossa que o filme não era dublado e pudemos assitir em português mesmo.

Já no dia 26/03, próximo a nossa ida ao acampamento, descobrimos que ela havia sido cancelada. A reitoria não liberou o transporte alegando que em feriados acontecem muitos acidentes nas estradas e que, portanto, era perigoso. Porém o dia não foi todo ruim. Soubemos que a diretora de assuntos estudantis havia gostado do nosso projeto para conhecer os outros estados e além disso conhecemos Karina, uma colombiana que nos animou muito a ir conhecer a Colombia e nos garantiu alguns contatos por lá.



A nossa Semana Santa então nos serviu basicamente para leituras, para reflexões e para escrever. A vontade de escrever é crescente. Não sei se é porque leio muito mais do que lia antes, e o fato de ler me faz querer ler mais ainda e querer escrever todas conclusões a que chego, ou se é o clima de transformação que ronda por aqui na Venezuela e o acesso a outras verdades que não chegam ao Brasil, que me faz querer fazer transbordar todas as coisas novas a que posso ver e pensar agora.

Até o espelho parece estranho por aqui. Não sei se estou mais gordo ou mais magro, ou se é o fato de ter deixado a "barba" crescer, já que não tem tomada 220v por aqui. Diferentes ou não, com certeza não somos mais os mesmos desde que saímos do Brasil.

Nossa semana santa serviu também para aprofundarmos os laços de amizade com os dois motoristas que vivem no dormitório em que estamos na universidade e que não viajaram durante a semana toda. Bolívar e Niño, se chamam, e para quem somos Tira Peo (que quer dizer peidorrero, acho, mas não por se-lo, mas por terem ouvido peo ao invéz de Theo, quando tentei pronunciar meu nome com meu incrível espanhol) e Come Gente (pela semelhança entre a barba do Daniel e de um antigo maníaco venezuelano que comia o testiculos das suas vítimas).


Além disso, fomos a casa da Marília almoçar e falar sobre história, política, Venezuela, Brasil, socialismo, vegetarianismo, etc...

Fomos também a casa de uma amiga venezuela que se chama Maria Fernanda, estudante da UCV, em que assitimos dois documentários muito bons sobre o processo revolucioário bolivariano. Um chamava-se "Jesus e o Velho", que era sobre a vida de dois moradores de rua durante o "paro petroleiro" em dezembro de 2002, e o outro sobre ex-presidiários, ao qual não me lembro o nome.



No último dia de feriado, domingo dia 03, fomos a um churrasco convidados pelo Breno. Lá recordamos um pouquinho do Brasil em discussões regionalistas entre Léo (mineiro), Breno e Bruna (paraenses). Ficamos até mais tarde e acabamos indo dormir na casa deles.


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