"A cabeça pensa onde os pés pisam" Paulo Freire

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Como deve ser o Sistema de Saúde?

Uma viagem como a que estamos fazendo implica em mudanças constantes. De altitude, de pressão, de temperatura, de alimentação, etc. Muitas vezes essas mudanças somadas se transformam em doenças e seus sintomas: febre, diarreia, dor de cabeça, dores musculares vômito, etc. Quando a situação não está mais tão controlável procuramos um hospital.

Separei algumas situações em que tivemos que ir ao hospital para que se perguntem como deve ser o sistema de saúde de um país.


Situação 1

- Lugar: Caimito (cidade pequena cerca de 30 minutos de ônibus de Havana)/Cuba

- Sintomas: dores musculares e princípio de febre

Estávamos saindo do acampamento em Caimito rumo a Havana carregando nossas pesadas mochilas. Como o Daniel não se sentia muito bem, resolvemos parar no hospital da pequena cidade para tentar descobrir o que tinha. De imediato fomos atendidos. Logo depois de 2 horas e de terem feito todos os tipos de exames possíveis no corpo do Daniel, saímos com uma receita médica para comprar antibióticos em uma farmácia, em que os remédios são subsidiados, e sem gastar um real.


Situação 2

- Lugar: Caracas/Venezuela

- Sintomas: manchas vermelhas pelo corpo

Estávamos há um dia em Caracas e nos apareceu diversas pequenas marcas vermelhas no corpo, principalmente nos braços. Já que estávamos passeando e conhecendo a Missão Barrio Adentro, resolvemos entrar e conversar com um médico para tentar descobrir se aquilo era alergia, ou o que era. Imediatamente fomos atendidos por médicos cubanos que ao olharem as manchas disseram que não era alergia e sim picadas de mosquitos. Só na noite seguinte é que fomos perceber que haviam milhares de mosquitos na sala de aula aonde estávamos dormindo na UBV. Saímos de lá sem gastar um real.


Situação 3

- Lugar: Lima/Peru

- Sintomas: diarreia e vômito

Uma noite o Daniel se sentiu mal e não conseguiu dormir porque teve muita diarreia e vomitou. Saímos de casa às 6h30 da manhã para um hospital. Chegamos lá e havia uma fila um tanto quanto grande e parecia estar fechado. Aproximamo-nos e Daniel perguntou a um senhor na fila se o hospital estava fechado e ele disse que sim e que só abria às 8h da manhã. Voltamos para casa para descansar e lá pelo meio dia voltamos ao hospital. Depois de nos mandarem a uma sala, nos mandarem voltar para o lugar que estávamos, voltar para a sala que estávamos uma vez mais, um médico atendeu o Daniel. De imediato lhe deu uma receita para que comprasse soro e instrumentos, como seringa e mangueira, em uma farmácia que estava dentro do hospital. Aí já se foram 27 soles. Só depois de comprar o soro e os instrumentos é que lhe colocaram numa maca para tomar o soro. Em seguida o médico me deu um papel com o qual eu deveria ir ao caixa e pagar algumas coisas. Paguei 8 soles por serviços e mais 8 soles pela consulta. Ao acabar o soro, o médico me pediu que comprasse outro tipo de soro para o Daniel beber e ver se o corpo aceitava bem. Aceitou, mas não foram necessários os 1000 ml da garrafa de tamanho único, senão um copinho. Nessa se foram mais 6 soles. No final das contas saímos com uma receita de um antibiótico e com 51 soles (equivalente a 35 reais) a menos. O hospital chamava-se Hospital da Solidariedade, o que a princípio me pareceu um pleonasmo, mas longe disso, era uma antítese.

Deixo para que as pessoas que leram essas situações de três países em processos diferentes (um país socialista, um país construindo uma revolução socialista e um país ainda em plena transformação rumo ao neoliberalismo) reflitam sobre como deve ser o serviço de saúde de um país. Se devemos ser clientes ou pacientes.

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