"A cabeça pensa onde os pés pisam" Paulo Freire

sábado, 21 de agosto de 2010

Cusco em greve!!!

No dia 27 de julho de 2010 o povo de La Convención, província da Região de Cusco/Peru, resolveu iniciar uma greve sem data para terminar contra a exportação do gás de Camisea.


No Peru se paga pelo gás mais caro do mundo. Na província de La Convención paga-se até 50 soles (cerca de 18 dólares) pelo botijão. Sem dúvida o gás mais caro em termos relativos (se considerarmos que o salário mínimo no Peru é cerca de 215 dólares). A grande contradição de pagar pelo gás mais caro do mundo é o fato de essa província ser grande produtora de gás, inclusive exportadora.


Alan Garcia, atual presidente do Peru e defensor da exportação do gás em benefício do consorcio Hunt Oil-Repsol-Pluspetrol, ordenou desde o primeiro dia a repressão aos grevistas e agora que a luta se estende e aprofunda, declarou Estado de Emergência e enviado tropas.



O conflito surgiu faz mais de um mês quando o consórcio iniciou a exportação do gás. O grande problema foi que se passou a priorizar a exportação em relação ao abastecimento interno. Cobra-se preços escandalosos pelo gás. O preço de exportação é cinco vezes menor que pagam os usuários peruanos (0,5 dólares por milhão de BTU frente a 2,5) e é vendido no mercado internacional por oito ou até dez vezes mais.

Os trabalhadores alegam que esse gás poderia estar sendo usado para calefação ou o seu recurso poderia estar sendo utilizado para comprar moradias dignas, de modo a combater o fenômeno da friagem que já matou 407 pessoas, sobretudo crianças.

Depois de 11 dias de luta localizada e com a cidade de Quillabamba totalmente parada, os quillabambenhos resolveram ir à cidade de Cusco, capital da Região com as reivindicações principais de nacionalização do gás no Peru e o fim da exportação dos lotes 88 e 56 de Camisea para abastecimento interno.


Marchas pacíficas foram realizadas diariamente, recebendo o apoio da população através de aplausos e doação de água e comida dos comerciantes locais. As forças foram somando-se, principalmente com a adesão dos estudantes da Universidad Nacional San Antonio Abad del Cusco, que realizaram uma marcha com cerca de 1000 pessoas, que somada aos trabalhadores chegou a mais de 2000 na praça de armas, principal praça de Cusco.


No dia 9 de agosto os dirigentes dos movimentos que estavam encabeçando a greve se reuniram com um grupo de ministros. Mesmo contra a vontade dos grevistas, dispostos a fazer a greve até que o governo nacionalizasse as reservas, os dirigentes deram ao governo 30 dias para que um grupo de técnicos avalie a situação. Caso o governo não tome nenhuma medida até o dia 9 de setembro, as mobilizações voltaram e a promessa é de que haja um paro nacional.


Esperaremos o dia 9 de setembro!

Nenhum comentário:

Postar um comentário