"A cabeça pensa onde os pés pisam" Paulo Freire

quinta-feira, 25 de março de 2010

08/03/2010 - Dia Internacional da Mulher

Questao 21: Qual será o efeito da ordem comunista sobre a família?

Resposta: A relação entre os dois sexos será uma relação puramente social, afetando
somente as partes interessadas, e a qual a sociedade não haverá de intervir. Isso será possível porque se abolirá a propriedade privada e os filhos serão educados pela sociedade, de tal forma que ficarão destruídos os dois pilares que constituem as bases fundamentais do matrimônio: a dependência da mulher em relação ao homem e a dos filhos em relação aos pais em regime de propriedade privada.
Friedrich Engels, Princípios do Comunismo, 1847.



Ao meu entender, para Engels a extinção da propriedade privada seria elemento fundamental para extinguir também a exploração entre os sexos. Porém, as mulheres tem mostrado que não é necessario esperar chegar a ordem comunista para começar a luta pelos seus direitos.

Grande exemplo disso são o dia 8 de março, em que ocorrem mobilizações e manifestações por todo o mundo (como a 3ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheresa Marcha) e algumas conquistas legais conseguidas pelas mulheres.
Link
Cuba tem sido um grande exemplo de que é necessário fazer uma revolução dentro da própria Revolução Cubana para se acabar com essa exploração. É inegável que os valores de igualdade e justica social em Cuba diminuem a exploração entre os sexos. Porém, não a extingue.

A Federação de Mulheres Cubanas tem percebido que ao longo da Revolução Cubana, o fim da propriedade privada não implica necessariamente em um avanço consequente do fim da opressão dos homens em relação às mulheres. E através de muita discussão, formação e reivindicação, as mulheres cubanas têm conseguido avanços que caminham para o fim dessa propriedade privada. Cresce o número de mulheres em cargos de importância e representatividade política, a divisão do trabalho diminui e consegue-se avanços jurídicos e sociais, como a legalização do aborto com todo acompanhamento medico em Cuba gratuito, que possibilita que a mulher decida sobre o seu próprio corpo, e como a percepção, tanto do homem como da mulher, de que essa opressão existe e precisa acabar.

A Venezuela é outro grande exemplo. Ao mesmo tempo em que os primeiros passos em direção ao fim da propriedade privada dos meios de produção estão sendo dados, o machismo e a opressão não parecem estar diminuindo no mesmo ritmo. Mesmo com um número crescente de mulheres exercendo cargos políticos e economicos de significativa importância, como a presidenta da Assembléia Nacional da Venezuela Cilia Flores, a discussão sobre a legalização do aborto parece estar longe (enquanto na Argentina acabam de legalizá-lo); a exploração do corpo da mulher em propagandas ou programas de televisão, casos de agressão, como um atual de um deputado que agrediu uma repórter, e a divisão sexual do trabalho ainda se perpetuam, .

A opressão não se faz somente por baixos salários e pela apropriação do trabalho alheio. Não esqueçamos que a luta contra a injustica e pela igualdade social deve expandir-se para todos as esferas de seu alcance.

Marchemos junt@s!



Fotos do ato no Paleon em Caracas-Venezuela no dia 08/03/2010, Dia Internacional da Mulher:



4 comentários:

  1. Oi Theo,
    que ótimo que até sobre as questões de gênero vocês está conseguindo refletir. Sobre a sua citação de Engels... é preciso tomar cuidado pois esse autor tende a conceber a hierarquia entre os sexos como decorrente da propriedade privada. Essa é a postura corrente de que com a revolução as outras desigualdades deixariam de existir automaticamente. E não é assim, o feminismo mostra isso... Também não é assim para a tecnologia, para a conecpção corrente de economia etc. Em que pé estão esses difíceis obstáculos no porcesso Cubano, Venezuelano, Boliviano? Como o povo participa, pensa, e reconhece esses desafios? Há divergências, contradições, senso-comum? Há propostas divergentes dentro da perspectiva revolucionária? Há ecos de autogestão?
    Beijo.
    Ioli

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  2. Eu acho que o grande erro de boa parte da esquerda é achar que o fim da propriedade privada dos meios de producao, que deve acabar com a sociedade dividida em classes, necessariamente vai acabar com toda forma de propriedade, como um passe de mágica.
    Acho que existe uma grande confusao em que se pensa que a unica forma de expressao da propriedade privada é a dos meios de producao..
    Por isso acho que a luta deve se dar em muitos outros campos..
    Quanto ao que se passa nos processos revolucionarios,
    acho que precisariamos de pelo menos um ano em cada pais para compreender de fato o que se passa em cada um deles. Porem, vamos tentar refletir sobre essas questoes em uma postagem..
    beijao!!

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  3. Olá,

    Gostaria de emitir a minha opinião sobre a legalização do aborto. Concordo com alguns pontos de vista daqueles que defendem esse procedimento de forma legalizada, principalmente pelo fato de o aborto legalizado impedir que mulheres percam suas vidas em abortos clandestinos. Eu, particularmente sou contra o procedimento, pelas minhas convicções cristãs iluminadas pelo espiritismo.

    Ao colocar as idéias na balança, acredito que o aborto deva ser legalizado, mas não vejo isso como um motivo de comemoração (não sei se vocês pensam assim, mas fiquei com essa impressão e foi isso que me motivou a escrever).

    Suponhamos que a sociedade migre para a situação descrita na passagem citada por Engels (também descrita por Wilhem Reich, um psiquiatra comunista alemão, em sua obra "Casamento Indissolúvel ou Relação Sexual Duradoura?"). Caso isso aconteça, qual será a grande vantagem do aborto, visto que a sociedade (comunista, portanto fraterna) se encarregará de cuidar das crianças? Em que um filho alteraria a vida de uma mãe, senão nos 9 meses que ela terá gravidez? Esses 9 meses afetariam a vida profissional de uma mulher em uma sociedade evoluída como a comunista?

    Após a revolução (de idéias) comunista, se mesmo assim, uma mulher quiser praticar aborto, concordo que seria muito mais interessante que ela o fizesse de forma ilegal e segura, porém acredito que ninguém precisaria recorrer a isso em uma sociedade avançada.

    Abraços,
    Gabs

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  4. Corrigindo o último parágrafo:

    ... o fizesse de forma LEGAL e segura ...

    hehehhe

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