"A cabeça pensa onde os pés pisam" Paulo Freire

terça-feira, 16 de março de 2010

ITCP-Unicamp, a Revolução Cubana e a Revolução Bolivariana

Pode parecer ousado tentar fazer essa relação que propõe o título do texto, mas passados dois meses conhecendo mais de perto a Revolução Cubana e a Revolução Bolivariana e um ano e meio de trabalho na Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares - ITCP/Unicamp (http://www.itcp.unicamp.br/), e vendo a sua aproximação cada vez maior com movimentos sociais, posso dizer que essa relação existe, e mais, que a ITCP-Unicamp segue um caminho “pedagógico-revolucionário”.

È claro que o trabalho de incubação não faria sentido em Cuba, por exemplo. Em Cuba, como todos têm acesso à Universidade o conhecimento científico, acadêmico e popular dialogam constantemente: nas universidades, nas reuniões de CDRs (Comitês de Defesa da Revolução), nas escolas, na Central de Trabalhadoras e Trabalhadores Cuban@s, na União da Juventude Comunista, no Partido Comunista de Cuba, na Federação de Mulheres Cubanas, nas casas, nas cooperativas, etc. Ou seja, o trabalho feito em uma incubação está presente em todos os momentos na vida de um@ Cuban@. Assim, pode-se dizer que a incubação está dissolvida no cotidiano da sociedade cubana e é elementro construtivo da Revolução Cubana.

Conhecendo a Venezuela e a experiência com formação de cooperativas valorizei ainda mais a incubação. Na Venezuela muitas das experiências com cooperativas não deram certo. Isso porque as cooperativas se tornaram o que chamamos de “coopergatos” – empreendimentos capitalistas desfarçados de cooperativas.
Dentre as missões do governo federal, existe uma que se chama “Missão Che Guevara” em que são feitas capacitações para os interesados em trabalhar em determinada área produtiva – o que dentre as missões, me pareceu o que mais se assemelhava ao trabalho de incubação. Porém, me parece que faltaram elementos fundamentais que carregamos no trabalho de incubação nessa missão, como autogestão, identidade, solidariedade, etc. Me pareceu que as cooperativas que se relacionam com a comunidade, aonde se criou uma identidade forte e um processo de envolvimento político se teve muito avanço, como na Comuna Socialista de “23 de Enero” em Caracas, aonde encontram-se organizadas 37 cooperativas (textil, de serviços, de músic@s, oficina mecânica, etc.).

Além do trabalho de incubação, o que também me chamou atenção foi a semelhança com que a sociedade cubana e a ITCP se organizam. Desde sua gestão de participação coletiva, até o seu processo eleitoral e de representatividade. Assim como na organização de hoje da ITCP, em Cuba não existe campanha eleitoral. A população vota os candidatos e, posteriormente, nos candidatos. A forma como se dissolve o poder em organizações em cada quarteirão, se aproxima de uma representatividade integral, como na ITCP, só que de 11 milhões de pessoas.

A Venezuela, em meio a intenças transformações está ainda longe de chegar a esse tipo de participação popular. Porém, acredito que a construção dos Conselhos Comunais, que é uma forma de disolver o poder municipal para cada bairro, é o caminho para a construção do poder popular, assim como as cooperativas populares, as empresas de propriedade social e os movimentos sociais.

Bom, mais do que um texto descritivo sobre Cuba ou Venezuela, escrevi esse texto como forma de transbordar a grandeza que a ITCP e o seu trabalho “pedagógico-revolucionário” ganhou para mim ao conhecer processos de consolidação e construção socialista e do poder popular. A tarefa não é simples, mas tenho certeza que estamos no caminho certo.

Um grande beijo a tod@s,

Theo

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