"A cabeça pensa onde os pés pisam" Paulo Freire

sexta-feira, 19 de março de 2010

Cuba - Economia e Política

Tínhamos escritos alguns rascunhos sobre o que haviamos conhecido de Cuba para postar no blog, mas que com o passar do tempo e a impossibilidade de postar, estavamos deixando de lado. Porém, após ler o texto recente do blog do Emir Sader - Os fariseus e a dignidade, em que ele questiona a distorção e a falta de divulgação dos avanços da Revolução Cubana pelos grandes meios de comunicação, resolvemos escrever uma série de descrições e reflexões sobre Cuba e a nossa experiência lá, as quais dissolveremos em alguns temas como economia, educação, gênero, comunicação e liberdade de expressão, eleições e democracia, etc. e que serão publicadas no blog aos poucos, devido ao pouco tempo que pretendemos destinar à internet ao longo da viagem.


Segue então uma pequena descrição do que entendemos da economia cubana hoje:

Como se sabe, em Cuba a economia é planificada. Mais do que isso, a produção é para o bem-estar da população e não para a acumulação de riqueza, seja ela abstrata ou não. Mesmo assim, o grande problema enfrentado hoje pela sociedade cubana é um aspecto econômico. Na verdade é um problema originalmente bélico, mas que implica em problemas econômicos: o bloqueio econômico dos Estados Unidos da Améica.

O bloqueio, política adotada em situações de guerra, consiste no boicote da comercialização internacional de um país de forma a miná-lo pelo desabastecimento, até se chegar a fome e a mortes, de fomra a obrigar o governo a se render.

Este bloqueio, porém, possui uma peculiaridade. Ele não é uma simples lei que se pode acabar com ela a qualquer momento. Esse bloqueio encontra-se fragmentado em diversas leis, como por exemplo: navios que desembarcam em Cuba não podem, durante 6 meses, atracar em portos dos EUA (principal responsável por transações internacionais em todo o mundo); e produtos compostos por certa porcentagem de peças cubanas (Cuba é uma grande produtora de níquel) não podem ser comercializados nos EUA.

Esse bloqueio que, portanto, tanto impede que Cuba comercialize com alguns países, como encarece muitas de suas importações e exportações, é, para os cubanos, o grande causador da escassez material que se tem hoje no país.

É, portanto, graças à planificação econômica que a sociedade cubana possui pleno emprego e consegue sobreviver, uma vez que os recursos de toda a produção cubana são destinados prioritariamente às necessidades básicas, como alimentação, saúde e educação. Ou seja, ao mesmo tempo em que o bloqueio econômico torna cara a importação de alimentos e aparelhos médicos, o governo cubano desloca recursos dos setores mais rentáveis, como exportação de níquel e suco de laranja, para esses setores afetados pelo bloqueio.

A economia cubana enfrenta hoje outro problema, causa também do bloqueio, que é o fato de possuir 2 moedas de circulação nacional. Um problema que serviu para sanar um outro problema ainda maior: a escassez de dólar e euro, principais moedas de transações internacionais, após o período especial.

A dupla moeda, ao longo do tempo, vem diferenciando o nível de renda dos cubanos, principalmente pelas pessoas que trabalham com turismo e de remessas de parentes que veivem no exterior. Por isso, essa não é uma medida definitiva, se não uma medida que foi necessária para sustentar a economia cubana após a queda da União Soviética e a intensificação do bloqueio econômico, a qual o governo pretende se livrar rapidamente.

A solução mais paupável, apesar de ainda estar londe de se consolidar, é o crescimento da ALBA (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América), como forma de integrar os povos latinoamericanos e se tornar independente, econômica e politicamente da Europa e dos EUA. Através da ALBA, Cuba tem firmado importantes convênios e acordos com a Venezuela, Bolívia, Equador e países da Comunidade Caribenha.


Cuba estaria firmando hoje importantes acordos também com Honduras, caso não tivesse ocorrido um golpe militar em 2009 que derrubou o governo Zelaia, que "coincidentemente" acabava de incorpora-se à ALBA. Golpe ao qual o senado dos EUA já aceitou publicamente e pede, com visitas de sua Secretária de Estado Hilary Clinton, para que os "países amigos" reconheçam esse novo e vergonhoso governo "democrático".

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