"A cabeça pensa onde os pés pisam" Paulo Freire

quinta-feira, 4 de março de 2010

A quarta semana em Cuba e a partida

Depois de uma semana no acampamento em Caimito, decidimos ir para Havana.

O Franco conseguiu um contato em Havana com a Amanda e a Giovana, brigadistas de Campinas, em uma organização que poderia nos receber: a OCLAE - Organizaçao Continental Latino Americana e Caribenha de Estudantes (http://www.oclae.cu).

Depois de muitas tentativas, no ultimo dia antes de partirmos do acampamento, conseguimos fazer o contato com a OCLAE e disseram que poderiam nos receber.

Saindo de Caimito, resolvemos passar antes no pequeno hospital da cidade pois o Daniel estava com sintomas de gripe. Fomos atendidos rapidamente e por lá permanecemos por 2 horas (não na fila, como ficaríamos no Brasil). Isso porque fizeram todos os exames possíveis no seu corpo. Diagnosticada a gripe, saímos com uma receita médica de um antibiótico que deveria ser comprado em um famácia, que é estatal e onde os remédios são subsidiados.

Do hospital pegamos um "camiñon" e partimos para Havana. Chegando lá fomos recebido pelo Renan, estudante amazonense que trabalha na OCLAE representando a UNE-Brasil em Cuba. Fomos muito bem recebidos e demos sorte de ter um quarto vazio com quatro camas por lá. Junto conosco estavam o Franco, que nesse momento já havia desistido de seguir conosco, e o Umesh, um neozeolandes estudante de economia que havia feito a brigada com o grupo A e que se tornou nosso amigo.

Não tínhamos nada muito planejado para esses dias em Havana. Nossa meta era tentar estender o visto, que vencia dia 23/02, para conseguir ficar no congresso que se iniciaria dia primeiro de março. Porém, estender o visto implicava em um custo que o nosso orçamento não comportava. Por isso decidimos seguir para a Venezuela até o dia 23/02.




Em meio a passeios por Havana, fomos à Universidad de La Habana e na XIX Feria Internacional del Libro (a entrada foi presente do Franco, porque consideramos muito caro para o nosso orçamento restrito. VALEU FRANCO!!!). Lá encontramos livros muito baratos com média de preço de R$1.20. O baixo preço nos custou carregar uma pesada mochila e a sua alça que começou a rasgar. Lá conhecemos também um engenheiro cubano e passamos alguns minutos conversando com ele sobre política, Brasil e futebol. Entre todos cubanos, ele foi mais um que relatava com orgulho o fato de não haver violëncia em Cuba, de todos terem acesso a educação superior e à saúde.







Mais tarde descobrimos que infelizmente não havia vôo para Caracas no dia 23. Só havia vaga no voö do dia 19. Por isso tivemos que adiantar nossa saída.

No último (pelo menos dessa viagem) dia em Cuba, dedicamos a nos despedir das uruguaias, com quem nos juntamos para passear por havana, e a uma interessantíssima conversa com Guillermo Arias Beaton, pscicócolo e professor da Faculdade de Psicologia da Universidade de Havana.

Nosso principal interesse era conhecer o modelo de educação cubano, uma vez que ele havia trabalhado no Ministério da Educação na década de 1980 e ajudado na constituição da educação cubana nesse período.

Infelizmente a nossa conversa durou apenas 30 min. Isso porque ele havia perdido um amigo e necessitava ir ao enterro e estava cheio de consultas para fazer. Mesmo assim, perdeu seu almoço para dedicar esses 30 min a nós.

Em meio a nossa breve, mas muito proveitosa conversa, Guillermo nos contou de como não só houve uma preocupação com a mudança do conteúdo nas escolas, mas também da forma, o que se aproximava muito dos estudos de Paulo Freire. Novos valores foram criados na sociedade cubana através da educação, em que a vontade coletiva é soberana em relação a um interesse individual.

O professor nos contou que após o período especial (crise pós queda da União Soviética) a estrutura educacional em Cuba sofreu um forte abalo. Porém, segundo ele, esse problema já foi constatado e medidas de melhor preparação dos professores e de resgate de algumas pessoas com experiência na área educacional já estão encaminhadas.

Chegado o dia 19, nos despedimos do Umesh e fomos rumo ao aeroporto de madrugada com medo de perder o vôo que sairia as 7h15. Após 4 horas entre caminhadas, esperas pelos ônibus e mais uma longa caminhada com a mochila (um tanto quanto pesada) nas costas para achar o aeroporto, subimos cerca das 7h no avião e partimos rumo à Venezuela.

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